domingo, 13 de setembro de 2009

O CRISTIANISMO COMO LEGITIMAÇÃO DO PODER.

Quando no século XII Portugal se constituiu como unidade política na qual os senhores locais passaram a aceitar a autoridade do rei, o cristianismo era a religião dos reis e nobres europeus. Para os reinos que começavam a se formar, era de máxima importância o apoio da Igreja Católica, com sede em Roma. Uma das mais fortes justificativas de que o poder de um determinado rei era legitimo era a religiosa, pois sendo ele aprovado pelo papa o seria por Deus. AA medida que a monarquia portuguesa foi se fortalecendo, principalmente a partir de meados do século XV, quando as expedições oceânicas começaram a ir mais longe, os cronistas da corte elaboraram uma historia que justificava o poder dos reis e do reino numa aliança direta com Deus, percebida em algumas situações particulares nas quais milagres teriam ocorrido. O ato fundador do reino português segundo esses textos escritos a partir de cerca de 1450 teria sido a vitoria de d. Afonso Henrique (que depois se tornou d. Afonso I de Portugal) contra o exercito muçulmano em Ourique, em 1139. Para os cronistas que narraram essa historia, só um milagre explicaria a vitoria sobre o exercito numericamente superior dos mouros, que era como só portugueses chamavam os muçulmanos do norte da África e da península ibérica.

A ideia de um reino africano fundado no Cristianismo fazia com que os governantes portugueses tomassem para si a tarefa de converter ao catolicismo povos pagãos, isto é, que conheciam a religião católica. AA medida que o pequeno reino expandia suas fronteiras com a conquista dos mares e a exploração da costa africana e americana, ia justificando o domínio sobre os povos e as terras que encontrava por estar levando a eles a palavra de Deus e a possibilidade de salvação de suas almas

"Olhai para mim, e sereis salvos, vós, todos os termos da terra; porque eu sou Deus, e não há outro" (Is 45:22a)